OMNI TEMPORE
Mesmo dia
Todo dia
Não me parece que anoitece
E amanhece
As janelas permitem a mesma luz
Que oscila do violeta pálido de flores comuns
Ao verde adoentado das decanas folhagens
Verde branco de folhas de mentruz
Pétalas pobres carentes de olor e debruns
Árvores estéreis
Mesma hora, toda hora
Não sei se meio-dia
Ou se cinco e meia
Aranhas nas teias
E as traças nos seus devidos lugares
Ou um bolso numa casimira ordinária
Ou a borda do decote do vestido de quem perdeu o viço
Caixas velhas e lembranças de outros mares
Imagens de mocinhas octogenárias
Sob o teto de um castelo abaladiço.