P R E C I O S I D A D E S (145)
MEU TÚMULO
No topo da serra distendam minha tumba,
entre uivos de lobo e sons de folhas de chumbo.
Tormentas de verão e a neve da invernada,
em trilha isolada que em silêncio me guarde.
Ponham-me bem alto, como a nuvem e o trono,
para que não chegue o distante som do sino,
Para que não chegue do arrependimento a voz,
nem mesmo as rezas e o temor do converso.
E que ela verdeça junto ao tronco espinhoso,
bem intransponível, vergada sobre o abismo,
E que ninguém possa vir, somente os amigos,
e estes, no regresso, que os seus rastros apaguem.