Fragmentos
Meu coração de gelo, quase derretendo.
QUASE.
Meu cérebro em alerta.
Perigo.
Não pode se apaixonar!
É tarde...
E se for mais do que uma simples paixão?
Irei te amar além de mim mesma?
É que, ando cultivando o tal do amor próprio.
Depois que me machucaram por dentro
e por fora.
Apodreci.
Exposta.
Não posso.
O ponteiro do relógio dispara.
TIC TAC.
E agora?
Dá até para contar em forma de poesia todo o meu sofrer.
Em rimas, o quanto eu não quis viver.
Me vi nos teus braços.
E não consigo partir.
Te quero aqui ou ali.
Você pode me sentir daí?
Eu te sinto daqui.
São lembranças.
Imagens da noite passada em que nossos corpos se entrelaçavam.
E nossos lábios se encontravam.
E essa distância que nos afasta.
Me afeta.
E se isso não passou de um sonho?
Tenho que acordar.
Nos encontraremos em breve?
Não posso esperar.
Devo ir?
Me pede para ficar.
Se você segurar minha mão,
não vamos na contramão.
Eu te mostro o caminho,
é só seguir adiante.
Tu és a peça que falta no
meu quebra-cabeça .
É que já vivi de metades.
Incompleta.
Só quero ser completa.
Já fui barquinho de papel beirando o rio.
Em pedaços.
Afundei.
Engolindo palavras de pessoas que só queriam me ferir.
Só queriam me pisar.
Coitados.
O mundo dá voltas né?
Girou.
O feitiço virou contra o feiticeiro.
Quem procura rosas, acaba encontrando espinhos.
Espetou.
Achou.
Que dó.
E no meio disso tudo vamos descobrindo...
Somos um misto de amor e dor.
Somos papéis empoeirados.
Amarelados.
Jogados no fundo do armário.
Esperando que alguém note.
Anote.
Leia as entrelinhas.
Indecifráveis.
Enigma.
Somos todos rasgados.
Rabiscados.
Ah, somos todos fragmentados...