Meu silêncio não significa nada

Meu silêncio não significa nada, nem mesmo

Minhas palavras significam... tudo o que eu

Digo e o que eu calo, são pretensões apenas,

Restos de poemas e frases soltas no vazio de

Um templo, de um tempo que findou...

A amargura da vida, sem pormenores, com dissabores,

Falta de jeito e algum sentido. Paro sob marquises

De prédios imensos, tentando entender cada

Movimento do corpo, todo sentimento que

Aflora pelos cantos do quarto, entre alguns

Livros não muito amados, meus e de outros

Poetas, ou quase.

A hora, quando se deseja

Contá-la em segundos, demora mais do que

Um ano, mais do que uma vida, mais até do

Que um beijo entre namorados. Demora como

Uma dor, um frio, a falta de alguma coisa muito

Importante e insubstituível...

Já ouvi diversas vezes que um sonho

Não deve ser subestimado, que um sorriso

Não pode ser insincero, que as melhores razões

Da vida são aquelas mais simples, como

O sabor de uma comida feita com amor, o gosto

Da água para quem tem sede, uma cama quente

E um coração livre do mal...

Agora o que vejo não faz sentido,

O que quero não me é possível.

O amor é um embuste para corações fracos,

A solidão me acompanha e eu não temo

O medo ou o fracasso, temo ter que me proteger

De uma arma numa esquina, de um beijo avassalador

Entre lençóis indignos...

Temo não saber como terminar esse poema,

Não conseguir escrever aquele romance

Que há tempos me procura e eu nunca

Comecei; temo, não sei, continuar infinitamente

Com o mesmo sonho, com a mesma

Sombra, a mesma vida...

João Barros
Enviado por João Barros em 20/12/2018
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