Brutalidade sensorial

Ele me leu

Como quem bebe água no deserto,

Tateou meu poema

Como quem dedilha com afinco um piano

Sentiu em meus versos

A satisfação do seu maior prazer.

Eu me excitei ao sentir a voracidade

Com a qual me lia,

Enquanto seus olhos realizavam os versos,

Minhas roupas eram arrancadas do meu corpo

E, sem que eu pudesse controlar, fiquei nu.

Nu de mim e de todas as minhas sensações

Porque essa brutalidade sensorial

Era o que meu corpo precisava

Para que eu reencontrasse o sentido

E as minhas palavras fossem coerentes

Para os que se dispõem a me ler.

Gilson Azevedo
Enviado por Gilson Azevedo em 20/12/2018
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