Brutalidade sensorial
Ele me leu
Como quem bebe água no deserto,
Tateou meu poema
Como quem dedilha com afinco um piano
Sentiu em meus versos
A satisfação do seu maior prazer.
Eu me excitei ao sentir a voracidade
Com a qual me lia,
Enquanto seus olhos realizavam os versos,
Minhas roupas eram arrancadas do meu corpo
E, sem que eu pudesse controlar, fiquei nu.
Nu de mim e de todas as minhas sensações
Porque essa brutalidade sensorial
Era o que meu corpo precisava
Para que eu reencontrasse o sentido
E as minhas palavras fossem coerentes
Para os que se dispõem a me ler.