Tu ana

Talvez seja por não me conhecer

realmente,

que ela diga que pensa em mim,

e que me deseja,

e que eu lhe faço bem.

Talvez seja a ignorância dela, nesse ponto

que faça com que pense assim

e que sinta em mim

o que eu já não sinto.

Eu só ando por aí,

com meu entusiasmo perdido

escrevendo sobre as coisas que ouço

e que vejo.

Roubando um pouco da alma dos outros

pra preencher no papel

o vazio que tenho por dentro.

Me pergunto o que faz com que eu brilhe aos olhos dela

e que ela veja vida onde não há.

É o meu cérebro,

lacrimoso,

completamente tomado por pensamentos que espiralam cada vez mais para dentro de mim

que fica me botando nessas voltas ao redor de mim mesmo

andando, e ao mesmo tempo, estagnado,

pensando,

Pensando...

Nunca dormindo...

Ela não poderia saber o que vejo nas minhas noites de insônia

grudados no teto, ou sentados na janela...

São como sombras, as minhas lembranças,

pelo menos as que voltam para me atormentar

Ela não olharia para mim

Se soubesse disso tudo,

da ansiedade que me paralisa...

do meu desânimo

de minha incapacidade de entregar uma gota sequer de sentimento

sem ter uma sensação incapacitante de medo.

Ah... se ela visse tudo isso,

talvez não se dispusesse a ler o que eu escrevo.

...

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 19/12/2018
Reeditado em 19/12/2018
Código do texto: T6530681
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