Calvário

Queria-te muito Maria/

Por muitos anos cobicei-te/

Como o viciado consome o vício/

Te olhavas nos olhos/

Tão profundo, que te buscavas no coração/

Tão docente/

Que sofria de paixão/

Quando, enfim, decidido sai da adolescência/

Pra te descobrir/

Desenhas-te no meu jardim/

Soube pela voz do mundo, que tu já partiras/

Pior, que outro te carregou no colo/

Fazendo-te dele mulher/

Ô como a dor me consumiu a alma/

Foram anos a procurar-te noutras moças/

Ledo engano/

Não se substitui, o que não nos pertence/

Porque nunca saberemos/

Se beberás ou comerás doce ou amargo/

Assim, vaguei desvairadamente na insanidade, de muitas paixões/

De muitos desejos/

Tive muitas mulheres/

Recebi muito carinho e muitas declarações de amor/

Mas perdi a felicidade/