Menino do pretérito

Sentava sozinho

com o violão no corredor frio

imaginava o tamanho

do mundo.

Escorava na janela

enquanto chorava a serra

que amenizasse a dor

que batia lá no fundo.

Deitava no telhado

à noite, pra se perder

na imensidão do espaço

pra vida um pouco esquecer.

Subia o morro à pé

mas não como quem tem fé,

no meio da subida

morava,

e quando a terminava

meditava.

Um dia desceu

ia atrás desse tanto

de mundo que ainda não conheceu.

Não tinha data

pra voltar.

Márcio Filho
Enviado por Márcio Filho em 18/12/2018
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