Inventor de nadas
Tenta inventar a roda,
Talvez funcione. Pinta um
Quadro e chama-o Mo-
nalisa, novidade. Faça o
Novo, teu velho sonho.
Cria uma cidade, constrói
Em cima da terra uma
História, a tua. Vai,
Completa o arsenal de
Teus versos, compõe
A canção que te sobra.
Promete, mas não esqueça,
Não cumpra. Está feito,
A obra completa-se a si
Mesma, sem tuas mãos
Para tocá-la, teus escru-
tínios insensíveis. Numa
Época em que sabia de
Tudo, aprendeu a duvidar.
Hoje, depois de acalentar
Teu medo, olha para o
Tempo e desconfia, a chuva
Não vem. Esquece por
Um instante, então volta
A lembrar, a mágica não
É real. Estava perdido na
Noite, sob uma chuva fina,
Quando nada aconteceu.
Esse fato te marcou pra
Sempre, daí a poesia, o
Inútil verso, sem medo, sem
Culpa, só a fome de dizer: