Peitos catando ar pra respirar
Na há por essas bandas, não há,
mulher com andar mais aguçado.
cheiro com mais pétalas na fronte,
cor que ofuscando com mais dó maior.
A conheci bem menina
numa estrada qualquer que nem lembro
era dia de São João, isso lembro
chovia como se o mundo fosse dizer bye, bye.
Seus peitos catando ar pra respirar,
a boca dizia vem cá, vem cá, vem cá...
corpo ainda não ungido, não embalado,
dava pena roçar naquele canavial.
Tinha mãos felpudas, ansiosas, mamelucas,
pescoço que poderia pendurar uma ópera inteira,
nas costas pouco irritei, pouco decantei, pouco rimei,
sua bunda derrubaria um rei se bem quisesse.
Pernas fugitivas, bem servidas, gostosas, empapuçadas,
levava aos pés que mais lembravam anjos embebedados,
pés que davam vontade de arrancar pedaços,
pés que sabiam tudo do mar, das dores, do amor.
Poderia ser Beatriz, ou Alice, quem sabe Luísa,
pouco importa qual leme conduziria seu empanar,
pra mim será sempre sombra furtiva,
transpiro que resvalo sem sentir, sem afligir,
rastro de rimados senões vagando sem alforriar.
Quando se for me acudirei menino pra nunca mais,
descabelando os gazelos pálidos dessa alma bem parida,
me achando sem cabeça, sem ossos, sem nata,
sofrendo no cangote toda graça de Deus.