Foi um longo ano
Foi um longo ano. Longas noites invernais o compuseram.
Foi um longo ano. E as memórias atormentam a minha mente.
Onde estarias tu agora?
Nos braços de outra ou no colo de tua mãe?
Já não me importa.
Em que me tornastes?
Gélida, ensanguentada, deformada.
O coração que te dei, descartastes. Sem valor.
O cálice que partilhamos, renegastes. Inútil.
As palavras que te dediquei foram esquecidas. Nunca sentidas.
Dor incansável.
Mas me pergunto ainda
O que fizestes com as fotos naquela caixa,
Único resquício de que existi em ti.
Pois me apagastes (se é que chegastes a escrever-me).
Fato é que com tua borracha, rasgastes-me.
Pelo simples fato de teres brincado com a última gota de uma esperança, sonho dos acordados.
Por isso durmo.
Ainda é noite e inverno.
- RK