IDOLATRICIONISMO

Os pobres e os homens são assalariados

Na universalidade duma existência insana,

Imergem e emergem para todos os lados

Desprovidos de vida, miseráveis, sem grana.

Sede e fome são memórias de reais perigos

Que se alçam dentre o povo depauperado,

Dias remotos levam mortes aos vários asilos

Onde doenças nocauteiam o ancião exilado.

Na solidão de um silêncio há o dote macabro

Em que saúde é nostalgia de tempos pretéritos,

O sonho é azedume sob as velas do candelabro

Que castram da saudade os instantes etéreos.

Sobrevida é um desdém cuja respiração é tônica

Dos átomos que circundam desastrosos vícios,

Saboreia-se uma carnificina mefítica e diacrônica

Enquanto em faustos banquetes há desperdícios.

Inocentes criaturas desovam suas lágrimas febris

E soterram a esperança em lamaçais pantanosos,

Nos campos os girassóis murcham perante colibris

Que incendeiam as seivas em néctares libidinosos.

Diante do céu há nuvens carregadas duma alegoria

Que deixa o planeta órfão das vitrines de algodão,

Fenômenos extra-sensoriais conduzem da fantasia

Farrapos ideológicos censurados pelo suor do vilão.

Indubitáveis momentos duma realidade sem retina

Amordaçam os idílios peremptórios do ser doentio,

Nos mares a correnteza carrega o álbum da rotina

E as vagas jogam sobre as pedras um tesão sem cio.

Sintomas de caduquice são percebidos pelo tempo

Que, ignoto, não subleva do orbe sintomas futuros,

Por isso a vida é madrasta para quem é sentimento,

Pois luta-se bravamente dentro de circuitos impuros!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 13/12/2018
Código do texto: T6525660
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