A um canto

A lua cortada parece sorrir de lado

O azul escuro sem mesto oferece brilho

Bifurco-me na viagem tecida atrás de ti

Uma maranha, um muro, cerca viceja

Alinho-me no desalinho de pensar-te

fugidia ou pior: fleuma recarregada e

orbe soltaste definhando-me nas galerias

do claustro não perpassado

Retorno, volteio, o marulho da sede

reluz tiritando-me sem eco, o eco!

Do teu encontro do qual não desfruto

Ao relento fico, não guardo, tenciono

(uma explosão)

Cansei-me de mesuras, agora é tudo ou

nada, rolar escada, divinizar o mero gesto

sem intenção alguma, mas que sublima

um veleiro singrando miragem...

Ouropel dos cantos...

A lua amarela por trás do castelinho

No anverso estás e só alvoroço

O pisca-pisca natalino há pelas ruas de

casas medíocres, ausência que me dás

Sê a redentora nas dissonâncias acerbas

Inda bramidos ignotos vagam sem a

sacrossanta beijoca de prazer

Unicamente a dureza torpe dos retos passos

Sem enganos: estou arraigado nas miudezas

de um sacrário e os desenganos espichados

no pasmo do ser mortificado

O pisca-pisca era uma piscadela alba de sorrisos

No azul forte de hoje a imensidade desafiadora

tremeluz labirintos de secura...

No fundo, eu sei... Tu não vens

André SS
Enviado por André SS em 12/12/2018
Código do texto: T6525491
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