Distorção do ânimo
Se tem sentido eu não depreendi dessa porra
Sempre vejo todos fazendo a mesma coisa
E talvez seja um buraco só com início
Pra sugar todo fôlego que eu conquisto
Mas esse buraco é tão imaginário quanto tudo isso
Mais fictício do que meu olhar sobre meus vícios
Sinto que nada é tão distante, assim é tão fácil
Não vejo mais graça, por isso só me preencho com qualquer maço
O tudo e o nada parecem ótimos quando não se tem o meio disso
A vontade de dar um grito é maior que esse sol sustenido
Você acha que eu seria seu amigo? Com seus amigos legais e descolados
Hoje eu prefiro ser esse vidro quebrado juntando os cacos
Sempre à procura de alguma novidade nessa brasa
E a resposta nunca é diferente do que a de ontem nessa casa
Por isso esse quarto e as esquinas não diferem em nada
Nem eu pertenci a mim quando contrariei minha lógica mal estruturada
Sozinho pelas madrugadas vazias, silenciosas
Suportando o peso das cordas que poderiam ser a minha aorta
O vermelho volta pra não me intoxicar agora
Só que a ponta do dedo dessa vez sangrou, a alma pelas veias chora
Assim eu engulo o vômito pra não expulsar o demônio
Senti todo metano sufocando meu sonho
Assombro no tecido leve cobrindo toda claridade possível
A base é tão ingênua, me traz esse ácido pra corroer meu pâncreas...