Distorção do ânimo

Se tem sentido eu não depreendi dessa porra

Sempre vejo todos fazendo a mesma coisa

E talvez seja um buraco só com início

Pra sugar todo fôlego que eu conquisto

Mas esse buraco é tão imaginário quanto tudo isso

Mais fictício do que meu olhar sobre meus vícios

Sinto que nada é tão distante, assim é tão fácil

Não vejo mais graça, por isso só me preencho com qualquer maço

O tudo e o nada parecem ótimos quando não se tem o meio disso

A vontade de dar um grito é maior que esse sol sustenido

Você acha que eu seria seu amigo? Com seus amigos legais e descolados

Hoje eu prefiro ser esse vidro quebrado juntando os cacos

Sempre à procura de alguma novidade nessa brasa

E a resposta nunca é diferente do que a de ontem nessa casa

Por isso esse quarto e as esquinas não diferem em nada

Nem eu pertenci a mim quando contrariei minha lógica mal estruturada

Sozinho pelas madrugadas vazias, silenciosas

Suportando o peso das cordas que poderiam ser a minha aorta

O vermelho volta pra não me intoxicar agora

Só que a ponta do dedo dessa vez sangrou, a alma pelas veias chora

Assim eu engulo o vômito pra não expulsar o demônio

Senti todo metano sufocando meu sonho

Assombro no tecido leve cobrindo toda claridade possível

A base é tão ingênua, me traz esse ácido pra corroer meu pâncreas...

Sombra Victorino
Enviado por Sombra Victorino em 12/12/2018
Reeditado em 25/08/2019
Código do texto: T6524760
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