Estado Marginal
Chega de violência gratuita
de chacinas à luz do dia
chega de mortes por causa do tráfico de drogas.
Quem mata? Será mesmo a maconha, o crack, a cocaína...
E o cigarro, as bebidas? Não são drogas letais?
Chega desse discurso vazio! Não convence mais.
Agora queremos hospitais, escolas, museus, centros sociais [...]
Queremos cultura à vera!
Queremos poesia à luz do dia e poetas marginais vivos
queremos livros e também queremos saber, temos sede disso.
Se tiverem praças e parques mandem pra cá, que queremos também.
Queremos estampar nosso ódio na faixa de aprovados no vestibular
das Federais ou na Puc - Medicina, Engenharia, Pedagogia...
Queremos ocupar as ruas todos os dias sem se preocupar
sem ser confundido com bandido ou levar um tiro – “bala perdida”.
Queremos um Estado que possa ser também nosso, um Estado que nos respalde.
Um estado marginal que pense e enxergue a periferia
que sinta e sofra as suas agonias
queremos um Estado à margem do que aí está.
Não um Estado que mata em carnavais, mais do que em guerras
e que conserva estradas frias, feito metralhadoras armadas
onde cada curva é uma roleta russa
cada pista não duplicada uma sentença de morte.
Não queremos mais continuar reféns do Estado, abandonados à própria sorte.
Queremos um Estado com políticas públicas de Estado
e governos governados pelo povo.
Queremos marginalizar o Estado e semear a discórdia.
Chega de aparelhamento da máquina pública em favor de interesses pessoais.
Queremos uma poesia anárquica que represente o povo
queremos um governo novo, criado à margem desse sistema
que só cria problemas e faz surgir corruptos.
Precisamos de um interdito que transfira a guarda do Estado para o povo
queremos a tutela desse mar de lama, que clama por socorro.
Chega de margem! Queremos o topo.