Muralha

Segredo velado

Lá dentro da gente

Mistério sincero

Que mais ninguém sente

Que sopra nos olhos

Que arde plangente

Que finge ser nada

No cânon da mente

Mas sempre que surge

O faz de repente

E sem que perceba

De súbito, emerge

Quem é que consegue

- Um eu consciente ? –

Fingir que o persegue

Tão perto que o sente ?

Quem é que demora

Insano, em vãos versos

Em versos que choram

Por seres perversos?

Não sei se estou certo

Mas perto estou sempre

Tão vivo e concreto

Que a dor torno ausente

Mas contra o osso

Que roes entre os dentes

Meus versos, confesso

São vãos, impotentes

Se gritas ou choras

As dores do mundo

Fecundo meu canto

Co’as dores da gente

Armado do arco

Que faz frente a tudo

Exceto à muralha

Que cega-te a frente

D.S.