Alusão

Olha para céu Carolina!

Acaso pensas que ninguém ti ver.

Quantos mistérios há em teus olhos, olhos de ressaca,

Dizem deles! Oblíquos e dissimulados!

E ainda que tu me negues, a ti mesma, traem os teus olhos.

Destes a mim o teu pente, tu querias tranças

Mas eu não sabia fazê-las, e como paga, me deste um beijo

A minha vizinha, o primeiro... A nossa estória.

Quantos mistérios por detrás do portão, e sob os teus cabelos,

Com indecifráveis segredos, quantas páginas ainda não escritas.

E no muro, quais palavras desenhastes Carolina?

O que de Bentinho há ainda em mim, são folhas amarelas,

E de resto, trago também o teu riso que se fez no espelho da penteadeira.

Eu quis atar às pontas do fim ao começo e o meu primeiro e único amor

Jaz sob a terra fria do campo santo.

E, eu, um velho casmurro, cheio de suspeitas do meu melhor amigo.

Com a minha inesquecível Capitu.

Coisas que carrego sobre os meus velhos e enfadados ombros.

Edivaldo Mendonça e O Bruxo do Cosme Velho
Enviado por Edivaldo Mendonça em 05/12/2018
Reeditado em 05/12/2018
Código do texto: T6519684
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