Gratidão, gratidão e gratidão
Obrigado por ler meus escritos,
por permitir minha entrada nos seus pensamentos.
Obrigado por se deixar untar por palavras que escorrem de mim,
por vezes ásperas, quebradiças, desengonçadas, aflitas.
Obrigado por acatar meus cheiros, meus gingados, minha voz,
dedilhando comigo o voo maluco que só o texto conduz.
Obrigado pela paciência de ancorar os passos da minha alma,
que já fizeram ruir, hibernar e até morrer um pouco.
Obrigado por tentar entender meus tentáculos e rebarbas,
extraindo deles um suor ainda intacto e servil.
Obrigado por ecoar em você meu canto solitário,
que já se fez velho, já se fez torno, já se fez respingo, já se fez fogaréu,
e que hoje é local de pouso, de decantação, de celebração.
Obrigado por estar aí, firme na sua guarita,
aguardando o bater de minhas asas em sua direção,
pra me servir seu néctar mais adocicado,
seu chão mais acolchoado,
sua mão mais florida,
seu coração mais triunfal.