DEMOLIÇÃO
Destruiu-se e se tornou
Puro pó de demolição,
Pavorosos escombros
Sufocaram o que fora perfeito.
Faltou a última drágea
Perdida no frasco entre cinzas,
Nenhuma dor fora evitada.
Cortaram-lhe a língua,
Nada diz hoje sobre ontem,
Nada dirá sobre a intensidade do corte.
Inflamará e não terá solução para a ferida aberta.
Acabara-se o telhado,
De onde o gato preguiçoso
Chamaria em gritos por sua amada. Nem gato nem amada.
Olhos embaçados e cabeça zonza.
Houvera um silêncio após o estrondo,
silêncio de morte.
Carne doída, macerada
Sob a dor do desprezo
E do frio teto da ambulância.
Sem sirene que lhe abrisse caminhos,
Morreu a vida do jardim,
A borboleta não mais pousará,
Tampouco o pássaro mudo
Dirá quanto bem viu.
Dalva Molina Mansano.