DEMOLIÇÃO

Destruiu-se e se tornou

Puro pó de demolição,

Pavorosos escombros

Sufocaram o que fora perfeito.

Faltou a última drágea

Perdida no frasco entre cinzas,

Nenhuma dor fora evitada.

Cortaram-lhe a língua,

Nada diz hoje sobre ontem,

Nada dirá sobre a intensidade do corte.

Inflamará e não terá solução para a ferida aberta.

Acabara-se o telhado,

De onde o gato preguiçoso

Chamaria em gritos por sua amada. Nem gato nem amada.

Olhos embaçados e cabeça zonza.

Houvera um silêncio após o estrondo,

silêncio de morte.

Carne doída, macerada

Sob a dor do desprezo

E do frio teto da ambulância.

Sem sirene que lhe abrisse caminhos,

Morreu a vida do jardim,

A borboleta não mais pousará,

Tampouco o pássaro mudo

Dirá quanto bem viu.

Dalva Molina Mansano.

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 03/12/2018
Código do texto: T6518014
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