EMPATIA
Mais que amantes, era questão de empatia
Olhares radiantes, a primeira fatia do bolo
Um ao outro oferecia,
Quando um sofria, o outro também chorava
Entre palavras ternas de consolo
Se completavam como a noite completa o dia
Viviam em constante carnaval
Um fazia o enredo, o outro a fantasia
Em tempos de frios, um abraço aquecia
Se sobreviesse medo, o outro logo protegia,
Acariciava os cabelos, cantando um acalanto
Pra espantar os pesadelos
E juntinhos dormiam...
Quem acordasse mais cedo,
Saía pé ante pé, corria pra cozinha
Preparava o café, leite bem quentinho,
Geleia no pão, fruta da estação,
Bandeja na mão,
Voltava pro quarto de mansinho,
Fazendo um carinho,
Um cafuné, cosquinha no pé,
Cantava bem baixinho:
Bom dia, amor, eu gosto tanto de você...
Pro outro suavemente despertar...
Beijavam-se por instantes
Depois, apressados pelas agendas
Separavam-se os corpos com calma,
Cada um a suas diárias contendas
Embora ficassem distantes,
Breve período do dia
Vidas em perene sintonia
Tinham a certeza no fundo da alma
Mais que amantes, era questão de empatia