UMA VOLTA SEM CANÇÃO
Voltei. E algo mudou.
No riso, o ar sem graça
da sombra que passa
e volta... e não se vai.
Na boca, o gosto indefinido
agridoce de um talvez:
do sal que podia ser mar
do doce que de tanto se fez pouco
do amargo do travo inesperado
do espanto da hora em desmaio.
Sensação vertiginosa
da árvore debastada
da foice selvagem
que ceifa semente
impede o gérmen,
a causa, o efeito
a razão de se dar.
Voltei.
Voltei de todos os caminhos
encravados os espinhos
que espetam incruentos
mas sangram por dentro.