UMA VOLTA SEM CANÇÃO

Voltei. E algo mudou.

No riso, o ar sem graça

da sombra que passa

e volta... e não se vai.

Na boca, o gosto indefinido

agridoce de um talvez:

do sal que podia ser mar

do doce que de tanto se fez pouco

do amargo do travo inesperado

do espanto da hora em desmaio.

Sensação vertiginosa

da árvore debastada

da foice selvagem

que ceifa semente

impede o gérmen,

a causa, o efeito

a razão de se dar.

Voltei.

Voltei de todos os caminhos

encravados os espinhos

que espetam incruentos

mas sangram por dentro.

Sonia R
Enviado por Sonia R em 30/10/2005
Código do texto: T65173