Transições de mim
Eu quis que teus olhos estivessem voltados a mim,
Quis poder realizar os teus desejos,
Mas era outro corpo que o teu queria,
Tornei a ler o que me mantia vivo, audacioso.
Uma, duas, três poesias e alguns cigarros,
Um, dois, três copos de cerveja e eu nu,
Descontrolado de mim, embriagado do que restou de nós,
Voltei ao que de mim havia saído,
Mantive-me vivo, apesar de ferido.
A consciência havia se diluído em minhas sensações,
Eu não sabia sentir, talvez a consciência tenha gritado,
Talvez tenha eu cansado do silêncio hipócrita de retrair o sentir,
Dói, dói como nunca doera antes, mas tô vivo,
Sinto nos meus detalhes uma evolução de mim.
Torno ao passado só para reconhecer quem sou hoje,
O futuro não cabe em minhas mãos, aqui também não o cabe,
No poema, na verdade, cabem apenas minhas dores,
Ainda que disfarçadas, maquiadas com a beleza das palavras,
Mas ainda estou vivo, só preciso atravessar a chuva.