Transições de mim

Eu quis que teus olhos estivessem voltados a mim,

Quis poder realizar os teus desejos,

Mas era outro corpo que o teu queria,

Tornei a ler o que me mantia vivo, audacioso.

Uma, duas, três poesias e alguns cigarros,

Um, dois, três copos de cerveja e eu nu,

Descontrolado de mim, embriagado do que restou de nós,

Voltei ao que de mim havia saído,

Mantive-me vivo, apesar de ferido.

A consciência havia se diluído em minhas sensações,

Eu não sabia sentir, talvez a consciência tenha gritado,

Talvez tenha eu cansado do silêncio hipócrita de retrair o sentir,

Dói, dói como nunca doera antes, mas tô vivo,

Sinto nos meus detalhes uma evolução de mim.

Torno ao passado só para reconhecer quem sou hoje,

O futuro não cabe em minhas mãos, aqui também não o cabe,

No poema, na verdade, cabem apenas minhas dores,

Ainda que disfarçadas, maquiadas com a beleza das palavras,

Mas ainda estou vivo, só preciso atravessar a chuva.

Gilson Azevedo
Enviado por Gilson Azevedo em 02/12/2018
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