Conversa de coração

Eu:

Não sinto meu coração

Não sinto

Nem ouço ele bater

Nem lembro dele aquecendo

Querendo me dizer

Pra onde devo ir

E o que devo fazer

Não entendo

Como pode um coração tão puro

Tão cheio de doces e sonhos

Ficar assim, do nada, escuro

Tão abatido

Tão partido

Tão somente frio

Não entendo

Que será isso?

Será vazio

Ou coração partido?

Partido não, estilhaçado.

Ora, coração abandonado

Vê se me dá um descanso

Deixa de ser tão malvado

Deixa

Senão desse jeito não avanço

Será isso a tal da solidão?

Aquela a quem todos temem

Que faz o coração arder

Que nem amor não correspondido

Mas, ai, meu Deus

Que dor é essa que não me condiz?

Que amor é esse que eu não conheci?

Coração:

Esse teu grito é de vazio sim

É de quem se partiu sim

Esse amor, menina

Te conhece

Te sorriu

Te comoveu

O amor de raiz

De essência

Amor de verdade

Aquele que a gente chama de "amizade".

Não sabia que vazio doía

Queima

Agonia

Faz eu me perder de quem sou

De quem era

E de quem queria ser

Cadê meu rumo, meu Deus?

Não sei mais encontrar!

Coração, vê se te arruma

Que eu não quero chorar

Coração:

Vê se te recorda, menina

Por que vaga tão sozinha?

Por quê se entristece com teu vazio,

Se por ele você é responsável?

Seu coração é amável

Sua lógica não

Por que razão se afastou

De quem te estendeu a mão?

Eu:

Olha só, eu me doei por inteira

Mas me usaram

Eu dei bobeira

Fui magoada

Fui tapeada

Resolvi partir

Quando me ofereceram a mão

Não era amizade

Era troca.

E nessa troca eu fui jogada

Quando fingi não ter mais nada

Coração, eu fui deixada

Coração:

Pense bem

Existe alguém

Que te ofereceu a paz?

Que te deu a mão e não pediu mais nada?

Que te ofereceu ombro amigo

Pra quando seu coração estiver doido?

Quem te viu

Quando você era invisível?

Quem te chamou de incrível?

Quem esteve contigo?

Pois coração não chora de saudade

Sem motivo

Se dói

É porque houve alguém

Que te ouviu

Pense bem

Se hoje a vida é tão igual

Houve um dia em que

Alguém afastou o temporal

Mas você, nada adaptável

Preferiu vestir a capa

Do que olhar nos olhos dos outros

Do que conviver

E ser notável

Você só escapa

Eu:

Eu só quis ser justa

Não deixar um ou outro

Preferi deixar todos

Do que ter que correr o risco

De ser abandonada de novo

Coração:

Ninguém te obrigou

Menina, esse abismo

Entre você e o mundo

Foi você quem criou

Eu:

Coração, por que não me abraça?

Eu sei

Que eu deixei e fui deixada

Mas por que você insiste em me ferir?

Coração, o que eu faço?

Coração:

Então vê se te anima

Pois se você não abrir a porta

Quem é que vai entrar?

Nunca é tarde, menina

Pra pedir

Um

Abraço

Anna Julia Dannala
Enviado por Anna Julia Dannala em 30/11/2018
Código do texto: T6515685
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