Do vinho... E do vinho...
“Minha alma está metida em vinho tinto”
Dizia o poeta, Ah! Um poeta tão distinto!
O vinho que o seguia, pintei-o paciente
no farfalhar da suede em pleno inverno.
Embriaguei-me de um amor tão terno
e converti-o em poesia de corpo e mente.
Ah! O vinho que eram suas noites vazias
derramada em taças, em suas fantasias!...
Vi-as tão claras e nítidas borbulhando
à meia luz numa boca doce e meio amarga
na sedução da noite fria — mortal adaga
levando-te ao túmulo... Até quando?
Até que meus versos roubassem-lhe a cor
entre os fios cerzidos dessa mesma dor.
Que me diz agora poeta, dessa compaixão?
Não há versos, não há, que não possam pintar
uma manhã depois da noite, do embriagar...
Não te deixo só, pois sou o poeta da ilusão.
Sou poeta sim e trago em minha hibridez
a camada da cor vinho que me fez,
—depois de ti — horas de fios e texturas
pisadas na saia justa do tempo, da dor...
Ah! Mas nada mais me fere, nem essa cor,
Depois de bebê-la em versos e ternuras...
Justificativas: eu inventando versos a partir de meus looks e suas cores ( vem mais por ai rsrs). Esse faz referência à minha saia de tecido Sued na cor vinho que fiz esse ano no inverno e que nessa foto destaquei com efeito preto e branco ao fundo no aplicativo de celular Color Splash. O poema faz referência também ao vinho, que apesar de ser uma bebida deliciosa quase levou ao fundo do poço a minha vida e de meu esposo, pois foi por culpa do vinho que ele retornou ao alcoolismo depois de 13 anos sóbrio. O retorno foi trágico para ele, pois já não anda sozinho, pois destruiu o cerebelo. Felizmente está sóbrio agora. Quanto a mim ainda tento colar meus cacos. Felizmente tenho a poesia que em ajuda nessa tarefa.
Grifos: António Barbosa Bacelar, in 'Antologia Poética'
http://www.citador.pt/poemas/retrato-de-um-bebado-antonio-barbosa-bacelar