Acalanto

Eu queria desvendar o segredo

De gravar os versos que não te fiz,

De sentir o gosto do teu batom

Nas palavras que não se diz.

Consumir o oxigênio ardente

Da tua boca que não beijei

Provocar o rubor pálido e sólido

Na ponta aguda do teu nariz.

Procurei os alquimistas. Otimista.

Com suas fórmulas universais;

Vieram os druidas e seus caldeirões

De porções mágicas e segredos vegetais.

Vieram até as bruxas do amor

E suas verdades quânticas...

Mas nada me revelaram.

E os versos que não te fiz,

As palavras que não te falei,

O beijo que não te dei,

E o rubor pálido e sólido de teu nariz

Ficaram guardados a sete chaves

No vale das perdidas ilusões.