Imberbe imbecil
Que amor é esse que esqueceu cantos, feridas, jujubas,
deixou de lado certos cheiros, certas cores, certos soluços,
ficou sério demais pra seus próprios azuis.
Que amor é esse que tanto fez valer seus cordéis fingidos,
suadas postas de querer-bem pouco assoadas,
surradas alamedas de poréns corcundas sem pavio.
Que amor é esse que desacordou querelas de fé,
tricotando desejos que deveriam boiar,
soluçando nãos perdidos dentro de mim.
Que amor é esse esganado, capengado pra cigano algum,
praguejando contra destinos avulsos, malditos, poentes,
mandando ver nos atiçados castiçais sem frio,
destilando fedor nos barris voláteis do perdão.
Que amor é esse devassado no convés de Deus,
poderia passar vidas só valsando no seu pó,
poderia fungar, cerzido, garras esdrúxulas de ninfas desertas,
poderia trazer reencarnado versos esvoaçados e servis.
Mas preferiu ter escorrido num quintal cabisbaixo,
escolheu reclamos ao invés de vazar chorando sem parar,
entendeu que só deveria respingar o que fosse luz.
Fez, então, corar suspensórios cassados, secos outonos,
neles enforquei faces capengas da minha paixão,
paixão rasteira, com cheiros de porão calado,
destino certo pra quem só carimbou sangues desalmados,
resvalos solenes naqueles que vaiaram quando morto surtei.
Lembro bem quando atraquei trombas mal rimadas,
num céu que agora abandono, sem meandros coados,
sem lícitos andaimes já untados, afinal,
tanto falido nessa alucinada capoeira maravilhosa,
válvulas que rangem ao leve aceno, imberbe imbecil,
que vai surfar, bendito, porres fugidos na mais culatra solidão.