A visita cruel do tempo 2
Os teus olhos me trouxeram outros lábios,
Quando teu rosto pousou sobre o meu,
Tive a sensação de ter beijado o passado,
Porque o que foi vivido em outrora reacendeu em mim.
Quando me dei conta era tarde,
Pois já estava em mim o gosto sombrio do que o vento levou,
Os teus trejeitos tornaram-se um reflexo do que ele foi,
O nós em nós não cabe, sigamos.
Entre o amor meu e o teu amor, ele há
Nulo, sem voz, sem pele, sem corpo, nu
Nu do que vivemos e cheio do que pretendíamos nós,
Nada mais faz sentido agora, são apenas marcas.
Marcas da visita cruel que o tempo me fez,
Acendo o passado de forma que eu não enxergasse o presente,
Mas nessa luta entre passado e presente sabemos quem ganha ou perde,
Tu acalentas meu corpo, ele acalentou a alma,
Mas voou com o tempo, diluiu-se...
Sinto-o no vento que acaricia minha pele,
Não o tenho em minhas mãos,
És tu quem sinto e é a tua pele que eu preciso buscar,
Mas essa visita cruel do tempo transformou o desejo em luar,
E me fez acordar, pois é ao teu lado que devo estar.