A visita cruel do tempo 2

Os teus olhos me trouxeram outros lábios,

Quando teu rosto pousou sobre o meu,

Tive a sensação de ter beijado o passado,

Porque o que foi vivido em outrora reacendeu em mim.

Quando me dei conta era tarde,

Pois já estava em mim o gosto sombrio do que o vento levou,

Os teus trejeitos tornaram-se um reflexo do que ele foi,

O nós em nós não cabe, sigamos.

Entre o amor meu e o teu amor, ele há

Nulo, sem voz, sem pele, sem corpo, nu

Nu do que vivemos e cheio do que pretendíamos nós,

Nada mais faz sentido agora, são apenas marcas.

Marcas da visita cruel que o tempo me fez,

Acendo o passado de forma que eu não enxergasse o presente,

Mas nessa luta entre passado e presente sabemos quem ganha ou perde,

Tu acalentas meu corpo, ele acalentou a alma,

Mas voou com o tempo, diluiu-se...

Sinto-o no vento que acaricia minha pele,

Não o tenho em minhas mãos,

És tu quem sinto e é a tua pele que eu preciso buscar,

Mas essa visita cruel do tempo transformou o desejo em luar,

E me fez acordar, pois é ao teu lado que devo estar.

Gilson Azevedo
Enviado por Gilson Azevedo em 24/11/2018
Reeditado em 24/11/2018
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