Meus dois filhos primogênitos
Tenho dois filhos primogênitos.
Um David ainda imberbe no caminhar,
ainda trêmulo no pensar,
ainda ingênuo no se defender.
E outro maduro nos rios do coração,
calejado nas trincheiras do sonho,
imenso nas cavernas do querer-bem.
Tenho um David reinando sem rebarbas,
desprezando exércitos fiéis,
ditando seu caminhar sem medo.
E outro David virando horizontes do avesso,
buscando o ar nos vazios distantes,
desconfiando do chão, da sombra, da luz.
Como pai reconheço que não sei dizer
qual David que é meu filho hoje,
qual David foi ontem, qual será amanhã.
Não sei mesmo.