POETA MODERNO
Vejo prosas, bossas e poemas
Trovas, cantos e versos
Envoltos de rimas e cantigas
Antigas e lançadas ao esmo
Vejo quadros, ensaios e novelas
Teatros, rezas e capelas
Místicas fontes de vidas mortas
E assim, já não há mais poesias.
Flores murchas e chocolates derretidos
Nos dedos nus e não entrelaçados
Das mãos vazias e não dadas...
E assim, já não há mais sonetos
Assassinado, o eu-lírico se cala
Num dueto monólogo e vazio
Retratando um artista sem artes.
Vejo folhas de cartas e textos cheios
Repletos de 100 palavras
Molhadas de afoitas e tristes almas
Fugidas da prisão dos olhos.
Vejo eu, você e ninguém
Ninguém que é você ou um eu
Perdido no mundo do poeta moderno
Cheio de 10 amores e afogado no eu, dilúvio chuvoso de tédio...