CARREGO

Carrego daquelas ruas descalças

As pedras que por lá rodopiavam

Desfazendo as solas das chinelas,

A enxurrada rápida e barrenta

Levando meu barco de papel.

Carrego a madeira do cruzeiro,

A capelinha com cruz no chão,

As memórias de quem foi embora,

Latas d'água, promessas por pão.

Ladainhas e terços da senhora,

A crença, a fé, o fino da poeira

No calo dos ombros e nos olhos,

Carrego ainda a menina

arteira.

Dalva Molina Mansano.

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 22/11/2018
Reeditado em 22/11/2018
Código do texto: T6509346
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