CARREGO
Carrego daquelas ruas descalças
As pedras que por lá rodopiavam
Desfazendo as solas das chinelas,
A enxurrada rápida e barrenta
Levando meu barco de papel.
Carrego a madeira do cruzeiro,
A capelinha com cruz no chão,
As memórias de quem foi embora,
Latas d'água, promessas por pão.
Ladainhas e terços da senhora,
A crença, a fé, o fino da poeira
No calo dos ombros e nos olhos,
Carrego ainda a menina
arteira.
Dalva Molina Mansano.