DOS PERGAMINHOS DE NOVEMBRO À VALSA DE DEZEMBRO

Não quero fazer sentido

Nem pretendo ter o menor nexo

Não quero o espelho perdido

Muito menos refletir às paredes o sexo.

Não espero que meu ato seja escasso

Nem obter seu gozo pardo.

Concilio, isso sim, bem-quereres aprisionados a prazo

Que bradejem imediatos beijos se tardo.

Tento abrandar o tempo elástico.

A linha do ido se equilibra como aço,

Teimosa e preguiçosa, viça-me um frio enfático

Que os radares de pelos captam a um simples passo.

O corpo, esse que me apresenta,

Transfigura-se qual cavaleiro de Cervantes,

Cego de perigos, certo da paixão que sustenta

... aponta sorridente, o peito triunfante.

A lança rompe-se inevitável.

É o agora, o instante

Que tremula num infinito quadrado quarto

À espera do parto.

Não! Não feche os olhos,

Nem lacrimeje em sua rosada pele.

Esqueces de que não faço sentido?

E que muito menos visto-me de nexos?

Nâo! Não se ocupe em encontrar esquinas

Que expliquem os faróis em meus olhos.

– que explicações há para sorridentes luzes?

O sentido... ora! Me retrato.

Não possuo apenas um, e sim, cinco!

Norte, sul, leste, oeste e o meu centro,

O túnel do peito.

Paulo Sá
Enviado por Paulo Sá em 22/11/2018
Código do texto: T6509040
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