O CHARLESTON
noite alta a festa
sob meus pés estalam
cacos de cristal
ninguém a chorar pelo
champanhe derramado
na noite do bem e do mal
madrugada empresta
ao circo entorpecido
inclassificáveis animais
meu reflexo de mamífero bípede
na pedra de gelo que me embaça o copo
me faz supor quais bichos serão
os demais
amanhece a festa
fecho nos sapatos largados
que às três massacravam pés
penso na criatura descalça
que àquela altura deveria estar longe
tentando ressuscitar às custas de
dois cafés