PARTIDO DE TODAS AS FARRAS

Eu não consigo acreditar, acordei num mundo hostil, os únicos a permanecerem humanos são os pombos, não vejo caminho além do sangue e da dúvida. Meus amigos seguem o líder, e líder se alimenta da carne dos indefesos, todos os amigos dele vestem joias e roubam crianças para o divertimento das lutas e dos jogos brutais. Prefiro não acordar, mas na minha porta a legião dos carrascos exige investigar os meus sonhos, porque gosto de meninas com corpo de mulher e não me associei à morte quando os diferentes pensaram. Por isso acordei queimando os registros dos desejos, e dei ao cachorro como ração a bandeira do partido de rodas as farras, porque na resistência às trevas a linguagem das ruas ajuda a salvar o irmão. É hora de subir até a torre e jogar as cinzas dos que morreram protestando contra os canalhas, os idiotas e os que se convencem com propaganda, porque as próximas flores hão de exalar dúvidas ao invés de perfume, e aonde os muros guardarem túmulos, o louco dedilha uma guitarra que sem cordas emite o grito dos indignados, enquanto a mulher amada borda o vermelho da rebelião no cio incontrolável e dobra a esquina inventando a multidão