Ao amor robusto

O amor robusto veio pra mim sem alarde,

dispensando as trombetas de sempre,

chegando num mansinho peculiar.

Veio para estancar orgulhos avessos,

veio para traduzir chãos atrozes,

veio para aninhar ventos adversos.

Meu amor robusto escorre sorrateiro,

como dádiva dos suores que tanto pari,

como prêmio pelos tantos nãos recebidos,

pelas trincas na alma sem pena.

É o troco que faço por merecer

diante das pedreiras que reduzi a pó,

diante dos medos que me viraram do avesso,

diante das dúvidas que cambalearam minha pele até sempre.

Meu amor robusto é capataz de folias adversas,

se diz destoado das leis que sempre disseram sim,

se faz remido dos cheiros atrozes da fé.

É nesse amor farto das fadigas do querer,

que inundo os passos da razão sem pena,

que restingo os gostos poentes das certezas,

que respingo cada verso que outrora fiz ninar.

Então fadigado de todas estrofes do querer-bem,

vou à luta ancorar porres tardios e benditos,

feito querelas absortas buscando goles de ar,

como desejo íngreme de onde só extraíram dor,

soluços intactos na alma remida de Deus.

Nesse amor robusto, erguido nos vãos do talvez,

destilo cada lágrima intrusa que roubei,

trago à tona meus gritos ainda não amotinados,

deixando sorrir chãos que rasgarei meio tortos,

pra debandar cada revoada que ainda restar de mim,

nesse peito assustado pelas vozes atrozes do afago tardio.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 20/11/2018
Reeditado em 20/11/2018
Código do texto: T6506986
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