MAGMA
Olhares para a torre da catedral,
Pombos defecam sobre a história.
Sinos enferrujados escancaram memórias perdidas.
Cabeças sem chapéu estão redondamente enganadas,
Rezam pousadas sobre ossos desgastados.
Seus pensamentos inclinam sobre seus atos,
Seus atos declinam seus pensamentos.
Mal sabem dos próprios pecados
E julgam condenar o mundo...
Sussurram bons-dias aos sucessores da palavra
Arcada sobre a vilania do tempo.
Nas alforras das salivas desperdiçadas,
Lambidas no mármore negro da existência.
Sob solos pisados, paredes ocultas,
Caminhos escuros, horas perdidas,
As vidas reiniciam-se tempo a tempo
Erguendo novas muralhas destinais.
O fogo corre sobre as águas,
Sonhos sombrios escondem a noite
Sob o manto da dúvida,
Haverá vida?
Navegam os olhos sobre os ponteiros,
Tomba a lua no espelho.
Velhos momentos sopram passados,
Continuam a servir esquecimento.
As escuras asas da dor planam
Em um céu de cinza absoluto,
Estão mastigando o luto.
As mãos avermelhadas erguem os escudos,
Desnudos de culpas, mas certos do fim,
Assim pronunciado no primeiro verso.
Mário Sérgio de Souza Andrade – 19/11/2018