Réstia de café

Paira no negrume o calor, aos poucos.

Encostado na parede de asperezas, lenta tarde

esboroa o diáfano de réstia.

Assombro e desventura estrelo de fleuma

irresoluto porque o reverdecer en

passant, florescência, ternura, luz

tamborilam resfolegantes mais.

O cisne negro níveo no apontamento adeja.

Sorvedouro de quentura. Disse: um

gole de café para a vida enfrentá-la -

vaga de turbilhão escuro apaixonante -

junto ao açaí violáceo atro.

De fragrância sinuosa vaporosa

chama cafeeira na subida da

água a penetrar nas borras

pressagas de denso pó terral.

Férvido roseiral sobrepõe-se ao

feral corisco de olhos dolentes.

Bons goles de café para uma

porrada de vida extra-forte.

Trago de café: esperança inexorável

entre relevos bizantinos numa

paixão contínua, ainda que o negrume

paire na réstia de recomeço fantasmagórico.

André SS
Enviado por André SS em 18/11/2018
Código do texto: T6505638
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