Olhar Cadavérico
Meu olhar denso e nebuloso
observador de vento e luzes
lá onde o pássaro sem matizes
pousa túmulos cabulosos
e, a última flor de plástico murchou
e, os rios de lágrimas transbordaram
afogaram-se todos os últimos peixes
em oceano seco de águas raras...
Meu olhar denso e nebuloso
olha de soslaio passar o tempo
e, no reflexo da ampulheta a morte espreita
e, nos becos e vielas passa sua foice
e, o último corpo é desconhecido
sua face não tem foto, só entranhas
tão estranhas que não tem final
somente uma poça de sangue na sarjeta...