RIACHINHO
Riachinho perene nascente
À beira da estrada
Águas mansas silentes
Levando esperanças
Lá longe, onde o sonho chegar
Corre a caminho do mar
Lava as mágoas do coração
Viola debaixo do braço
Sentava à sua beirada
De repente esquecia tristeza
As dores, desencantos
Como por encanto
Nascia uma nova canção
Riachinho se vai
Mesmas águas não voltam
Mas refletem imagens de tempos antigos
Madrugadas a dentro
Os parceiros amigos
Cantando à luz do luar
Contando vantagem e mentira
Bebendo nem só água da fonte
Sonhando seguir
Onde o horizonte vira
E os olhos não podem enxergar
Riachinho de água nascente
É como gente pequena
Gota de lágrima chorada ao nascer
Pouco à frente não cabe no leito
Rio caudaloso insiste crescer
Sempre do mesmo jeito
Fiozinho vem lá da serra
Desce o morro, vira curva
Água pura, às vezes turva
Nunca erra a direção
Sabe o seu sentido
Riachinho prefere terrenos planos
Mas surgindo pela trilha
O que impeça o caminho
Faz desvios, pega atalhos
Contorna pedras, forma ilha
Sabe onde quer chegar
O mar não muda de lugar
A vida não passa de um riachinho
O menino pequenino
Água de nascente pura a correr
Depois faz seus traços
Mil planos
Quer comandar o destino
Voar pelos espaços
Não busca o mar
O céu é o limite a chegar
Vem desilusões e desenganos
Que não dão pra desviar
Procuram Porto Seguro a ancorar
De tanto navegar
A gente nota de repente
Nascer é o começo de morrer
Riachinho parece nunca morrer
É da vida natureza
Suas águas desaguam no mar
Águas voltam a nascer
Imediata dor
Longa saudade
Águas levando a tristeza
Preste a atenção
Há um choro novinho
Um nascido recente
Nova água corrente
Da nascente do Riachinho
A alegrar seu coração