Faça o que tem que ser feito
Beber a água mais
Limpa e depois
Cuspir na cara dos
Mocinhos da tevê
Enrolar um cigarro
De palha cuidadosamente
E jogar fora em seguida
Tomar um trago
Num boteco
Que não existe
Mais
Comer o pão que o diabo
Amassou e fazer um
Elogio ao dito-cujo
Para incentivá-lo a
Continuar no trampo
Fazer buracos na rua
E ir reclamar ao governo
A falta de conserto e a
Inviabilidade do tráfego
Falar em alto e bom
Som a necessidade
De que se faça silêncio
No recinto
Gritar impropérios
Contra xingamentos
Revoltar-se contra
Revoltas e seus incentivadores
Lunáticos...
Se fingir de louco
Para poder andar nu
Na rua
Falar de amor como
Quem ama
Mas não fazer ideia
Do que se trata
Ir de um canto a
Outro procurando algo
Que não estar perdido
Perder tempo suficiente
Para que no fim o
Tempo não seja suficiente
Ter medo somente
Daquilo que ninguém
Mais tem
Ser bom
Mas não muito
Apenas o quanto lhe
For permitido
Pela maldade dos outros
E pronto, deixa
A vida acontecer
Sem que isso seja
Um problema maior
Do que já é...