Faça o que tem que ser feito

Beber a água mais

Limpa e depois

Cuspir na cara dos

Mocinhos da tevê

Enrolar um cigarro

De palha cuidadosamente

E jogar fora em seguida

Tomar um trago

Num boteco

Que não existe

Mais

Comer o pão que o diabo

Amassou e fazer um

Elogio ao dito-cujo

Para incentivá-lo a

Continuar no trampo

Fazer buracos na rua

E ir reclamar ao governo

A falta de conserto e a

Inviabilidade do tráfego

Falar em alto e bom

Som a necessidade

De que se faça silêncio

No recinto

Gritar impropérios

Contra xingamentos

Revoltar-se contra

Revoltas e seus incentivadores

Lunáticos...

Se fingir de louco

Para poder andar nu

Na rua

Falar de amor como

Quem ama

Mas não fazer ideia

Do que se trata

Ir de um canto a

Outro procurando algo

Que não estar perdido

Perder tempo suficiente

Para que no fim o

Tempo não seja suficiente

Ter medo somente

Daquilo que ninguém

Mais tem

Ser bom

Mas não muito

Apenas o quanto lhe

For permitido

Pela maldade dos outros

E pronto, deixa

A vida acontecer

Sem que isso seja

Um problema maior

Do que já é...

João Barros
Enviado por João Barros em 16/11/2018
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