MINHA GOTEIRA
MINHA GOTEIRA
Quantos pingos minha goteira
transforma chuva em turbilhão
e cai na telha e na cumeeira
escorrega pela oitão e ribanceira
bate na caneca na lata e no chão.
Bate no olhos do meninos
pelas frestas a olhar para rua
nos planos dos assassinos...
Na igreja no cálice e no sino
bate na velha e nova roupa sua.
Minha goteira, se faz enxurrada
arrasta morro cascata, cachoeira,
afunila na boca de lobo,
entra pela manilha,
com força de um furação.
Molda, trilhas, estradas e ribanceira
grota barranco ribeirão...
Molha a tarde e a morena faceira
molha, jardins príncipe, molha o chão.
Minha goteira, faz nascer e reviver
... Faz olhar para o futuro e crer
planta a tal esperança no amanhã,
encher o buraco em poça d'água
alargar, o sorriso da criança...
e o chamego, sobre os lençóis no divã.
Minha goteira, é uma besteira...
Molha rua barracas molha feira
... Molha o velho guarda chuva
toda roupa do farpado varal
... Molha o motoqueiro e a garupa
a cama velha do hospital.
Minha goteira...
Tem a forma de uma bola
... Alaga campo, baixada,
casa pavilhão barraco escola
desfaz aquela multidão...
No comício do caipora.
Minha goteira as vezes... Temporal!
Com relâmpago trovão e decisão
faz medo, pela noite fria de escuridão
causa tremedeira e pânico ao astral.
Um dia ela cai pelo sul
e vai pelas estação do velho norte
faz chuva no meridiano azul
molha, fracos e molha os fortes.
Minha goteira faz gelo e degelo
oceanos iceberg e os entregues
faz lagoa garoa e medo...
Esboça o escondido segredo
d'aquele coração leve.
Minha goteira, ai, ai, ai...
Quando cai, quando vem
quando passa e quando vai
molha ânimos os trilhos do trem
molha frente lado, molha atrás.
A roça de milho e o cuscuz
e aquele prato de xerém
molha nada e molha tudo
de quem tem e quem não tem.
Molha as pedras para o concreto
p'ra fazer o edifício e a casa sua
molha o tremulo e o papo reto
e o lençol prata da nossa lua!
Minha goteira não tem beira,
nem eira, nem é fuleira!
Ela vem para encher e agradar...
O lençol freático o rio e o mar
o garrafão o copo o amor o amar
... Minha goteira até dá vida,
para os que querem prosperar!
Antonio Montes
MINHA GOTEIRA
Quantos pingos minha goteira
transforma chuva em turbilhão
e cai na telha e na cumeeira
escorrega pela oitão e ribanceira
bate na caneca na lata e no chão.
Bate no olhos do meninos
pelas frestas a olhar para rua
nos planos dos assassinos...
Na igreja no cálice e no sino
bate na velha e nova roupa sua.
Minha goteira, se faz enxurrada
arrasta morro cascata, cachoeira,
afunila na boca de lobo,
entra pela manilha,
com força de um furação.
Molda, trilhas, estradas e ribanceira
grota barranco ribeirão...
Molha a tarde e a morena faceira
molha, jardins príncipe, molha o chão.
Minha goteira, faz nascer e reviver
... Faz olhar para o futuro e crer
planta a tal esperança no amanhã,
encher o buraco em poça d'água
alargar, o sorriso da criança...
e o chamego, sobre os lençóis no divã.
Minha goteira, é uma besteira...
Molha rua barracas molha feira
... Molha o velho guarda chuva
toda roupa do farpado varal
... Molha o motoqueiro e a garupa
a cama velha do hospital.
Minha goteira...
Tem a forma de uma bola
... Alaga campo, baixada,
casa pavilhão barraco escola
desfaz aquela multidão...
No comício do caipora.
Minha goteira as vezes... Temporal!
Com relâmpago trovão e decisão
faz medo, pela noite fria de escuridão
causa tremedeira e pânico ao astral.
Um dia ela cai pelo sul
e vai pelas estação do velho norte
faz chuva no meridiano azul
molha, fracos e molha os fortes.
Minha goteira faz gelo e degelo
oceanos iceberg e os entregues
faz lagoa garoa e medo...
Esboça o escondido segredo
d'aquele coração leve.
Minha goteira, ai, ai, ai...
Quando cai, quando vem
quando passa e quando vai
molha ânimos os trilhos do trem
molha frente lado, molha atrás.
A roça de milho e o cuscuz
e aquele prato de xerém
molha nada e molha tudo
de quem tem e quem não tem.
Molha as pedras para o concreto
p'ra fazer o edifício e a casa sua
molha o tremulo e o papo reto
e o lençol prata da nossa lua!
Minha goteira não tem beira,
nem eira, nem é fuleira!
Ela vem para encher e agradar...
O lençol freático o rio e o mar
o garrafão o copo o amor o amar
... Minha goteira até dá vida,
para os que querem prosperar!
Antonio Montes