Garça adotiva
Da janela do apartamento
De um bando estranho
Uma garça de um rebanho
Fora das linhas do cimento
Ainda que decorativa
Cegonha de tantos partos
Voa uma garça adotiva
Sobra de lagos parcos
Roubaram-lhe as lagoas
Até peixes, agora sem poças
Pernas como vara de taboas
Finas como alças de louça
Decora mesas de centro
Agora sem água, sem sapo
A cidade perdeu-se dentro
Da argamassa, canto do guapo
A esmo voa uma garça
Sem casa, ronda apartamento
Pintada em paisagem farsa
Vagueia pelo firmamento