Garça adotiva

Da janela do apartamento

De um bando estranho

Uma garça de um rebanho

Fora das linhas do cimento

Ainda que decorativa

Cegonha de tantos partos

Voa uma garça adotiva

Sobra de lagos parcos

Roubaram-lhe as lagoas

Até peixes, agora sem poças

Pernas como vara de taboas

Finas como alças de louça

Decora mesas de centro

Agora sem água, sem sapo

A cidade perdeu-se dentro

Da argamassa, canto do guapo

A esmo voa uma garça

Sem casa, ronda apartamento

Pintada em paisagem farsa

Vagueia pelo firmamento

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 12/11/2018
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