A BOA LUTA

desfiz as malas do meu inimigo

por não suportar a ausência de quem me fere

é a dor traiçoeira que me encouraça a pele

e o tiro que não mata que mantem o litigo

muito bem quero meu oponente

por mostrar-me o que não vejo no espelho

meu sangue em sutis variações de vermelho

derramado se converte em sofrimento pertinente

a quem deixar a lembrança de meus ossos

senão para aquele que tanto almejou quebrá-los?

a coluna resiliente que não sucumbiu aos estalos

as clavículas que não cederam à pressão de dedos grossos

toda sorte de bençãos para meu adversário

cuja ira me fortaleceu o corpo como vitamina

pois nem sempre quem se aflige se extermina

pelo contrário, faz aniversário