FUGA

O que eu fui e o que eu sou

andam zangados entre si.

Brigaram faz pouco tempo,

quando um amor aportou

causando-me um frenesi

e certo aliciamento.

A mulher-menina de outrora

de tristeza agora chora

e deu p’ra maldizer

o recém-chegado bem-querer.

Acusa-o de intrometido,

atrevido e sem sentido.

A dona-mulher presente,

importunada por um cupido

impaciente, acha-se insipiente.

Quer e não quer. Só, sente.

Sofre o entusiasmo contido,

imagina o ainda não-vivido.

No meio deste conflito,

eu me agito, não me ajeito.

Será o amor imperfeito ?

Ou será o amor bendito?

Coração constrito, grito , por fim:

vou-me embora de mim!