O tiro

O último tiro foi em mim,

Despiu a última peça que cobria meu corpo,

Meu coração enudeceu, entorpeceu,

Acertou minha alma.

O tiro acertou primeiro meu silêncio,

Os espinhos cospidos de tua boca,

Tuas palavras cruas, quase nuas

As flores ficaram em tuas mãos.

O perfume do meu medo

Exalou por onde andei, nu

Sem razão, sem voz, em vão.

O último tiro foi em mim,

Porque não sabias em quem atirar,

Eacolheste a pessoa errada,

Porque apesar das dores,

Permaneço de pé.

Gilson Azevedo
Enviado por Gilson Azevedo em 08/11/2018
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