Lumes
Às vezes afundo nos pensamentos
me cubro com o lençol da água mais pura
minha sede de chuva na sede de doçura
meu tato abstrato toca astros em alvoroço.
Às vezes meu céu é num poço profundo
onde vaga de lumes no escuro
o meu abismo por dentro
e relaxo feito felino pronto pro salto
me atiro lento e vou seguindo cores que piscam
segundos pirilampos nas noites que invento.
Às vezes estendo meu mundo prá ver se me entendo
esgarço o tempo, desdobro sentidos
beijo espelhos d´água
beijo narcisos prá ver se me vejo
pro meu equilíbrio procuro o vento
alargo fronteiras, vou estirando espaço
prá ver onde chego divago...
mas nunca chego porque sempre me parto.
Abro meus olhos e o que vejo
são as paredes do meu quarto.