Brasilidades

E, de repente,
Ninguém é todo mundo!
Todo mundo é sociólogo,
Todo mundo é economista,
Todo mundo é doutor!
 
E ninguém vê:
Pensões gordamente perpétuas para quem não necessita,
Salários gigantes e uma ajuda de custo infinita.
O muito é para quem pouco vai trabalhar,
Ou que para trabalhar nada precisa suar;
Cargos de confiança para todo mundo que lambe cuecas apurando seu paladar!
 
Mas todo mundo vê que ninguém quer ver
A dor do próximo ao ser massacrado,
Da mulher, do lgbt, do negro, do nordestino e do batuqueiro censurado!
 
Ninguém vê o seu futuro como idoso
Penosamente
Com frágil osso,
Condenado a viver dia a dia
Infinitamente
Seu presente como trabalhador
Que todo dia compra o pão sem o sabor tirado pela dor!
 
E todo mundo acha que ninguém vê
Investimentos repentinos com desespero,
Pois os abutres chegaram para as estatais tornar privê!

 
E ninguém vê que o dólar abaixou e nada na sua vida influenciou,
Afinal todo mundo é economista e ninguém sabe no que isso influencia.
 
Todo mundo comemora as armas!
Todo mundo acha que ninguém mais sofrerá violência!
Todo mundo acha que a corrupção terminou.

 
Por fim, ninguém acha que todo mundo está certo,
Já que todo mundo fala por ninguém.
Marília Francisco
Enviado por Marília Francisco em 04/11/2018
Código do texto: T6494125
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.