Em tempo...
falar de minha mãe
é algo grandioso para mim,
é quase uma insanidade
defini-la? não é o caso!
não há uma única palavra,
que eu possa dizer neste momento,
que a descreva com total fidelidade.
suas virtudes, ora findas e mortas,
ficaram registradas nas paredes do meu Ser
como lembranças difíceis de serem apagadas.
hoje é um dia paranoico para as minhas verdades,
me doem os ossos, as carnes e a alma,
me sinto um menino desnudo,
é como se um nó desatasse as minhas mãos,
me deixasse solto e só.
talvez não devesse revelar estes sentimentos,
eles fazem parte do que há de mais sagrado em mim,
melhor seria que eu chorasse com meus irmãos,
com os amigos e os parentes.
cada pá de terra despejada,
foi como se enterrassem com ela
os meus sonhos
os meus encantos
a minha concretude.
Mãe!
penso que sou um filho insano,
confesso que rezei por sua morte nestes últimos dias,
horas infindáveis... vil solidão!
porém uma parte de mim é luto
a outra, quase na sua totalidade, é gratidão.
não sou o mais bonito dos seus filhos,
nem o mais forte
posto que, só desejei ser um Fingidor,
um poeta dos versos livres e fortes.
leve os meus sonhos,
os meus pesadelos
as minhas vísceras
para onde for
e que Deus a tenha
como a mais bela rima dos meus poemas