Em tempo...

falar de minha mãe

é algo grandioso para mim,

é quase uma insanidade

defini-la? não é o caso!

não há uma única palavra,

que eu possa dizer neste momento,

que a descreva com total fidelidade.

suas virtudes, ora findas e mortas,

ficaram registradas nas paredes do meu Ser

como lembranças difíceis de serem apagadas.

hoje é um dia paranoico para as minhas verdades,

me doem os ossos, as carnes e a alma,

me sinto um menino desnudo,

é como se um nó desatasse as minhas mãos,

me deixasse solto e só.

talvez não devesse revelar estes sentimentos,

eles fazem parte do que há de mais sagrado em mim,

melhor seria que eu chorasse com meus irmãos,

com os amigos e os parentes.

cada pá de terra despejada,

foi como se enterrassem com ela

os meus sonhos

os meus encantos

a minha concretude.

Mãe!

penso que sou um filho insano,

confesso que rezei por sua morte nestes últimos dias,

horas infindáveis... vil solidão!

porém uma parte de mim é luto

a outra, quase na sua totalidade, é gratidão.

não sou o mais bonito dos seus filhos,

nem o mais forte

posto que, só desejei ser um Fingidor,

um poeta dos versos livres e fortes.

leve os meus sonhos,

os meus pesadelos

as minhas vísceras

para onde for

e que Deus a tenha

como a mais bela rima dos meus poemas

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 29/10/2018
Reeditado em 10/11/2022
Código do texto: T6489608
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