Soprar do Vento

O vento sussurra suas linhas de vida através do tijolo e do metal,

Trazendo consigo a paranoia mental,

Faz-se o ouriçar do pelo animal,

Esse é um teste do meu plano astral,

De todas as reencarnações e todos os feitios eu me prendo a valorização,

Sinto que eu deveria estar num lugar e deixar de omissão,

Tenho uma raiz espinhosa dentro do meu coração,

Um pequeno ruído que irrita minha canção,

É um soprar que demonstra que a chuva está por vir,

Que até mesmo o céu goteja lágrimas a cair,

Isso é um sentimento angustioso que aperta até sobressair,

É doloroso dizer a verdade e deixar ela sair,

Dói-me como o pingo frio e realista que sou o primeiro e o segundo para certos acontecimentos,

Que possa ser que eu não fui o primeiro desses silêncios,

Constrói-me sobre sentimentos ciumentos,

Ainda bem que eu demonstro como o soprar dos ventos,

Não fui o Genesis e não espero chegar ao fim dos tempos,

Caminhando através de superação em passos lentos,

Pensar que o passado poderia ofender até os meus momentos,

Ainda bem que eu demonstro como o soprar dos ventos,

Penso e me pego desprevenido quanto aos antigos fragmentos,

Pensar que não sou dono de principais eventos,

Que não sou o pensador de inovadores inventos,

Ainda bem que eu demonstro como o soprar dos ventos,

Saber que não sou o alicerce de certos argumentos,

Que não sou o juiz desse tribunal de julgamentos,

Perceber que não fui o primeiro a desalinhar tais batimentos,

Ainda bem que eu demonstro como o soprar dos ventos,

Saber que não fui o motivo de ventos turbulentos,

Que não fui o primeiro dedilhar dos instrumentos,

Não fui o farfalhar de cabelos sonolentos,

Ainda bem que eu demonstro como o soprar dos ventos,

É errado querer ser o mago de seus encantamentos?

De ser o aventureiro de seus descobrimentos?

Ser o alquimista de seus experimentos?

A ressaca da maré de seus transbordamentos?

O vento é solitário ou agrupado?

É errado eu me sentir e me fazer de culpado?

Sinto-me infantil por remoer o passado,

Cabe recurso a esse réu sentenciado?

Seja sincero consigo mesmo e nunca se julgue,

Eu frustro por não ter sido o primeiro a cheirar tal tulipa desse buque,

De não estar lá na morte do Arquiduque,

Mesmo que eu supere isso, me pergunto, por que?

O tempo é detentor de todos os momentos e é acompanhado pela brisa de verão,

Ele é o carrasco que se encarrega de toda e qualquer execução,

Aquele que faz subir as penas dessas duas aves em relação,

Pensar no passado não me deixa triste, me enche de determinação.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 28/10/2018
Código do texto: T6488718
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