Estrada
Percorro dirigindo precário,
Enquanto o sol se põe,
Dentro do carro, estou solitário,
A estrada da vida me dispõe.
Viajo para qualquer lugar,
Importância está pendente,
Não tenho destino a chegar,
Apenas sigo em frente,
No banco de trás, em desapego,
Caixas de velhas terapias,
As malas espirituais que carrego,
Estão praticamente vazias.
A cada curva, a cada letreiro,
Deixo para trás pedaços do fim,
A cada ultrapassagem, a cada nevoeiro,
Me reconecto a mim.
Se acendem as luzes da estrada,
O cinto me aperta o peito,
Busco seguir minha jornada,
Algumas lembranças eu rejeito.
Entre pensamentos dispersos,
Toca-se uma música aleatória,
Não reconheço os versos,
Mas sinto a melodia notória.
Precisamos ceder os chamados,
Do passado que já se há de cumprir,
Só seremos seres realizados,
Quando conseguirmos sozinhos seguir.
Invento um pouco de esperança,
E crio expectativas como ninguém,
Porque precisamos ver o mundo em mudança,
Onde tudo terminará bem.
O sol e põe completamente,
O céu semi escuro eu admirava,
Bem vinda noite solitária e carente,
Há muito tempo eu te esperava.