Outrora

Entreguei o meu corpo ao tempo outrora,

Outorguei minha alma em tua dimensão,

O outrem que de mim se esvaia, não

Recorda o lirismo que provém da aurora.

Que saudades que tenho do tempo que vivia,

Em teus braços ouvindo a melodia,

E o timbre ínfimo que ao meu ouvido dizia

Palavras ao vento as que eu nem ouvia.

E de tanto penar em teu corpo, desgosto

Encontro o saudoso meu eu quem diria

Que de ti o meu corpo se ausentaria

Na grandeza do gosto que teu lábio traria.

Mas quem disse que a outorga de mim sairia,

Vem do teu crepúsculo e me envolveria,

Se distante de noutro tempo vivia,

O que faço de mim essa noite ou de dia?

Gilson Azevedo
Enviado por Gilson Azevedo em 24/10/2018
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