Outrora
Entreguei o meu corpo ao tempo outrora,
Outorguei minha alma em tua dimensão,
O outrem que de mim se esvaia, não
Recorda o lirismo que provém da aurora.
Que saudades que tenho do tempo que vivia,
Em teus braços ouvindo a melodia,
E o timbre ínfimo que ao meu ouvido dizia
Palavras ao vento as que eu nem ouvia.
E de tanto penar em teu corpo, desgosto
Encontro o saudoso meu eu quem diria
Que de ti o meu corpo se ausentaria
Na grandeza do gosto que teu lábio traria.
Mas quem disse que a outorga de mim sairia,
Vem do teu crepúsculo e me envolveria,
Se distante de noutro tempo vivia,
O que faço de mim essa noite ou de dia?